para o blog Massa Cinzenta, por Jean Ferrari
– Como está o cenário do uso de inteligência artificial na construção civil e também no mercado imobiliário?
Na construção civil, os investimentos em tecnologia ainda são tímidos: conforme a consultoria IDC, em estudo com parceria da Autodesk, 58% das empresas do setor de construção ainda estão no estágio inicial da jornada para a inovação, ao passo que 28% estariam no meio do processo de transformação. Apenas 13% podem ser consideradas maduras em relação à adoção de novas tecnologias.
Na construção civil tem sido usada de diversas maneiras, desde o atendimento ao cliente por meio de chatbots e assistentes virtuais, que responde via texto as dúvidas mais comuns e simples dos clientes -, proporcionando melhor experiência, sendo rápido e efetivo, como no planejamento e controle de obras.
Já o mercado imobiliário se beneficia deste recurso ao otimizar processos, fornecendo mais segurança aos envolvidos, melhorando a pesquisa por imóveis ao identificar leads qualificados, melhorando o trabalho dos consultores, corretores, investidores e incorporadoras.
– Que tipo de soluções já existem e podem ajudar o mercado a evoluir? Que benefícios estas soluções podem trazer?
Inteligência Artificial na construção civil entra como uma aliada na hora de coletar e processar a enorme quantidade de informações geradas a cada obra, demonstrando através de softwares quais são os ítens que devem ser observados de forma precisa. O uso de robôs que monitoram a atividade no canteiro de obras também pode ser apontado como um benefício desta tecnologia.
Outra vantagem que vale a pena destacar é a possibilidade de gestão de risco, também por meio de softwares e robôs que verificam o andamento da obra e podem identificar ameaças a serem levadas em consideração.
A inteligência artificial não é capaz de substituir um corretor de imóveis, pois acredito que nenhuma tecnologia pode substituir o calor humano, mas sim facilitar e melhorar o trabalho. Ao aprender as preferências do usuário, a plataforma economiza tempo, ao não sugerir imóveis que o cliente não tenha interesse, ou atrai novos interessados ao enviar emails com anúncios que vão interessar determinado grupo de pessoas.
– Quem já tem adotado esta tecnologia? Que resultados têm obtido?
Cada vez mais empresas do setor de construção civil vem adotando esta tecnologia, visto que, no canteiro de obras, a IA ajuda a melhorar processos no controle e segurança, apresentando dados e gráficos para facilitar a visualização. Ela também contribui para dar mais agilidade e previsibilidade à obra. A junção da Inteligência Artificial e a Internet das Coisas também deve ser cada vez mais utilizada, elaborando sistemas que usem o potencial desses dois conceitos para criar respostas inteligentes e sustentáveis para cidades e empreendimentos evoluídos. A redução de custos e de tempo também não podem deixar de ser mencionados, visto que a tecnologia pode eliminar processos que demandariam de mais tempo se feitos apenas pela mão humana, e também pode fazer a melhor gestão de materiais e recursos necessários para a conclusão de um empreendimento.
– Quais gaps ainda poderiam ser explorados no setor?
A produtividade no setor ainda enfrenta algumas lacunas. O desafio é conseguir extrair mais com os recursos disponíveis, mantendo a qualidade dos produtos e entregas. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para o Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP) expôs que a mão de obra do setor no Brasil é cerca de 30% menos produtiva que em outras nações pesquisadas.
Alguns dos principais fatores que impactam na produtividade podem ser citados, como retrabalho, ao não contar com mão de obra qualificada; falta de controle no uso da matéria prima; layout inadequado do canteiro de obras, que não facilita a movimentação de funcionários e materiais; segurança do trabalho e planejamento e controle de obras – questões que podem ser solucionadas ao adotar a inteligência artificial para a gestão do canteiro de obras das construtoras.
