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Sustentabilidade além do discurso: como a construção civil pode liderar a transição verde

  • Foto do escritor: Thiago Schwaemmle
    Thiago Schwaemmle
  • 4 de ago.
  • 4 min de leitura
Sustentabilidade e áreas verde na construção civil

A sustentabilidade deixou de ser um diferencial para se tornar um imperativo. Em meio às mudanças climáticas, à escassez de recursos e às novas exigências do mercado, o setor da construção civil ocupa uma posição estratégica. Responsável por cerca de 40% das emissões globais de CO2 e pelo consumo intensivo de materiais e energia, o setor pode e deve liderar a transição para uma economia verde.


Mais do que adotar um discurso ambientalmente responsável, é preciso transformar práticas, processos e modelos de negócio. A sustentabilidade, quando levada a sério, é também uma oportunidade concreta de inovação, competitividade e geração de valor a longo prazo.


Por que a construção civil é central na transição verde

A construção está no centro das questões ambientais por vários motivos:

  • Altíssimo consumo de recursos naturais, como água, areia, cimento e energia.

  • Geração de resíduos em grande escala durante obras e demolições.

  • Uso de materiais com alta pegada de carbono.

  • Produção de edifícios que, ao longo de sua vida útil, consomem energia e geram emissões.


Dessa forma, a maneira como projetamos, construímos, reformamos e operamos nossos espaços impacta diretamente os ecossistemas e a qualidade de vida urbana.

Por outro lado, é justamente nesse setor que há o maior potencial de transformação. Com o avanço da tecnologia, da regulação e da demanda de consumidores mais conscientes, a construção sustentável é viável, e rentável.


Sustentabilidade na prática: onde começa a mudança

Implementar práticas sustentáveis exige mais do que boas intenções. Exige planejamento, metas claras e integração entre todas as etapas do ciclo de vida da edificação.

Algumas frentes prioritárias:


1. Projeto com eficiência desde a origem

O ciclo sustentável começa na prancheta. Projetos que consideram iluminação natural, ventilação cruzada, reaproveitamento de água e uso de materiais locais reduzem o impacto ambiental já na concepção.


Além disso, metodologias como o BIM (Building Information Modeling) permitem simular o desempenho energético de uma edificação antes mesmo do início da obra, otimizando decisões.


2. Escolha responsável de materiais

Materiais de construção representam uma parte significativa das emissões de carbono. É fundamental priorizar insumos com menor impacto ambiental, recicláveis ou de origem certificada.


Exemplos incluem:

  • Concreto com adições minerais (como escória ou pozolana)

  • Madeira de reflorestamento com certificação

  • Tintas e revestimentos com baixo VOC (compostos orgânicos voláteis)

  • Painéis solares e isolamentos térmicos de alto desempenho


3. Gestão de resíduos na obra

O canteiro de obras precisa deixar de ser um espaço de desperdício. A adoção de

planos de gerenciamento de resíduos permite reaproveitar materiais, reduzir entulho e diminuir custos com descarte.


Além disso, técnicas construtivas como pré-fabricação, steel frame e drywall reduzem significativamente a geração de resíduos e otimizam o uso de mão de obra.


4. Eficiência energética na operação do edifício

A sustentabilidade não se limita à obra: o desempenho ambiental ao longo dos anos é essencial. Edifícios energeticamente eficientes reduzem custos operacionais, aumentam o conforto dos usuários e prolongam a vida útil das instalações.


Soluções como automação predial, sensores de presença, sistemas de aquecimento solar e equipamentos com selo Procel ou Energy Star contribuem diretamente para esse objetivo.


5. Gestão da água e infraestrutura verde

Sistemas de reuso de água cinza, captação de água da chuva e infraestruturas verdes

(como telhados vegetados e jardins de chuva) são cada vez mais adotados em projetos inovadores. Eles aliviam a pressão sobre os sistemas públicos e colaboram com a adaptação climática das cidades.


Certificações como ferramentas de compromisso

A adoção de certificações ambientais é uma forma de garantir que as práticas sustentáveis sejam de fato implementadas e auditadas.


As mais conhecidas no setor incluem:

  • LEED

    Foco em eficiência energética e construção verde.

  • AQUA-HQE

    Adaptada ao contexto brasileiro.

  • EDGE

    Voltada para países emergentes, com foco em uso racional de recursos.

  • WELL

    Relaciona sustentabilidade com bem-estar humano.


Esses selos fortalecem a imagem da empresa, atraem investidores e demonstram o compromisso com padrões internacionais de desempenho ambiental.


Sustentabilidade como diferencial competitivo

Empresas que investem em sustentabilidade colhem resultados concretos:

  • Redução de custos operacionais

  • Menor exposição a riscos regulatórios

  • Melhoria da reputação junto ao mercado

  • Maior atratividade para investidores ESG

  • Valorização do imóvel no médio e longo prazo


Além disso, muitos compradores finais estão dispostos a pagar mais por imóveis sustentáveis, seja pela economia futura, seja por alinhamento com valores pessoais.


O papel da cultura empresarial e da liderança

Para que a sustentabilidade seja mais que um selo ou campanha publicitária, ela precisa estar presente na cultura da empresa. Isso exige liderança comprometida, metas mensuráveis e envolvimento de todas as áreas, do projeto à assistência técnica.


A capacitação contínua das equipes, o uso de tecnologia para mensurar impactos e a transparência na comunicação com stakeholders são peças-chave para consolidar essa transformação.


A construção civil tem o poder e a responsabilidade de liderar a transição para um futuro mais verde. Sustentabilidade não deve ser tratada como tendência, mas como uma estratégia central de negócio.


Ao ir além do discurso e adotar ações concretas, o setor não apenas reduz seus impactos, mas também impulsiona a inovação, melhora seus resultados e contribui para a construção de cidades mais resilientes e habitáveis.


Empresas que assumem esse compromisso desde agora estarão mais preparadas para os desafios ambientais, sociais e econômicos dos próximos anos e serão reconhecidas por isso.

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